Memórias impressas conservam um século de História

A criação da Hemeroteca
No último andar encontra-se um corredor, reservado a pessoal autorizado, que dá acesso à Hemeroteca. Trata-se de um dos depósitos do arquivo, criado ao mesmo tempo que o Arquivo Distrital de Leiria, em 1916, “fruto da história da instituição”, segundo a responsável Paula Cândido.

Na Hemeroteca estão disponíveis diversos jornais provenientes de várias regiões do distrito de Leiria, nomeadamente Alcobaça, Alvaiázere, Caldas da Rainha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Marinha Grande, Nazaré, Pedrógão Grande e Pombal. Na coleção de registos de imprensa destacam-se títulos históricos como O Leiriense, datado de 1 de julho de 1854 e o mais antigo dos jornais regionais, além de O Distrito de Leiria, de 27 de outubro de 1890. No total, a Hemeroteca dispõe de 139 títulos, desde 1854 até à atualidade, recebendo semanalmente novos títulos.

Os jornais encontram-se arrumados em pilha, protegidos por uma capa, em prateleiras metálicas, divididas por regiões do distrito. Com uma cor amarelada, devido à sua condição antiga, ainda é possível ler nitidamente o conteúdo sem precisar de grande esforço, bem como visualizar as imagens neles contidas.

Segundo Paula Cândido, “os jornais chegam ao Arquivo por oferta ou por via de depósito legal, sofrendo depois um processo de descrição e organização por anos e regiões” para tornar mais fácil a sua procura, aquando da sua requisição.

Tal como aos demais depósitos do Arquivo Distrital de Leiria, todos os cidadãos podem ter acesso aos títulos disponíveis na Hemeroteca, presencialmente ou online. Presencialmente, é possível lê-los de forma gratuita, numa sala de leitura silenciosa, que se deve manter fechada, com um ambiente idêntico ao de uma biblioteca. Trata-se de um espaço dedicado ao estudo e investigação pessoal ou profissional, cujo ambiente deve convidar à concentração.

“A grande diferença é que numa biblioteca retiram-se os livros das prateleiras e aqui os documentos a requisitar são pedidos e deixados na sala de leitura “, acrescenta a responsável. Existem, assim, diversas regras e cuidados a ter aquando da requisição dos materiais do Arquivo para a sala de leitura, nomeadamente as proibições de escrever, sublinhar, anotar ou fazer decalques sobre a documentação em consulta, dobrar folhas, forçar as encadernações ou praticar outros atos prejudiciais à preservação das espécies. Quaisquer danos observáveis devem ser reportados a alguém presente no edifício.

Também é possível consultar alguns destes títulos online, através do site oficial do Arquivo Distrital de Leiria, na secção da Hemeroteca. “Está em curso a digitalização de outros títulos, que contamos até ao final do corrente ano disponibilizar ao público em geral”, refere Paula Cândido. Neste processo atingem-se dois objetivos fundamentais: dar acesso à informação e preservar os jornais, dada a peculiar fragilidade do suporte. Os serviços de impressão e digitalização dos jornais estão disponíveis mediante o pagamento de valores estabelecidos na tabela de preços.

O Arquivo Distrital de Leiria não guarda apenas documentos. Ali, em versão presencial ou digital, pode começar, também, uma viagem no tempo, cujo bilhete é gratuito e está acessível a todos.

Texto e fotos: Ana Pinto | Débora Pacheco | Inês Quintas | Marisa Carreira