Sangue, suor e lágrimas. Nunca um filme coordenou tão bem a vida do ser humano dentro da música. A bateria é o instrumento escolhido para o ritmar. Mas este não é só um filme para quem gosta de umas batidas no volante do carro ou para quem passa tempo a bater com a caneta na mesa à procura de ideias. Esta é uma longa metragem que vai para além da música. Em Whiplash, o realizador e escritor Daniel Chazelle pretende explicar às pessoas que é obrigatório trabalhar nos limites para conseguir chegar aos objetivos e que só com o treino se chega à perfeição.
Whiplash fala do jovem baterista Andrew Neyman (interpretado por Milles Teller) que foi aceite no Conservatório de Shaffer, considerada por muitos como a melhor escola de música dos Estados Unidos da América. Nessa escola encontra o rígido e tenebroso professor Terence Fletcher, incrivelmente desempenhado por J. K. Simmons. O jovem estuda e pratica afincadamente, colocando a sua carreira profissional à frente da família, amigos e possíveis paixões. Tudo na procura de ser o melhor de todos os tempos! Contudo, Terence Fletcher tem um modo de ensino muito questionável e põe constantemente Andrew Neyman à prova. Aluno e professor começam a criar uma relação de amor-ódio porque apesar de diferentes, ambos são extremamente ambiciosos e orgulhosos. Com o desenrolar da história, os protagonistas do enredo começam a chocar e a relação entre os dois… tanto bate até que fura.
A obra só peca no desenvolvimento das personagens fora do contexto musical. Tirando esse pormenor, o filme é sublime em todos os aspetos e a tensão entre as duas personagens transcende o ecrã. O realizador desenhou na perfeição cada segundo da película e os sentimentos das personagens são percetíveis a quem está do lado de cá.
Whiplash foi uma das surpresas do ano e dos próprios Oscares, sendo um dos grandes vitoriosos da noite de Hollywood. Venceu três estatuetas nas categorias de melhor ator secundário (J.K. Simmons), melhor montagem (Tom Cross) e melhor mistura de som (Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley).
Por todas estas razões (e prémios, pois claro!) aconselhamos uma ida ao cinema. Pegue nas baquetas e entre no ritmo!
Texto: Rui Sousa | Miguel Martins