A imprensa tem como objetivo publicar a verdade e proporcionar informações válidas aos seus leitores. Para isso existem profissionais que dedicam muito do seu tempo a tentar desvendar casos que de outra forma não seriam de conhecimento público. A tarefa é dificultada quando o assunto é polémico e as fontes se sentem intimidadas. É este o enredo do filme Spotlight, do realizador Tom McCarthy.
Baseado numa história verídica (investigação premiada por um Pulitzer), a grande metragem segue o trabalho de quatro jornalistas de investigação que escrevem para o Boston Globe. A equipa de investigadores denomina-se “spotlight” e tem por objetivo expor temas de grande impacto na sociedade. Com aparecimento de um novo diretor do jornal, estes são obrigados a investigar um novo caso. Trata-se de acusações de abusos sexuais a menores por parte de membros da igreja. Investigações posteriores revelam que estes casos não são só silenciados pela instituição católica mas também por todo o “sistema” americano. A maior dificuldade dos jornalistas é encontrar as vítimas e conseguir que testemunhem. A publicação do artigo não só desencadeou outras investigações mas levou também ao afastamento de vários membros da igreja, dando também voz a outras vítimas que se mantinham no desconhecimento.
Na última edição dos Óscares, Spotlight levou para casa dois prémios, apesar de ter sido nomeado para seis, tendo sido galardoado com o prémio de melhor argumento original e o de melhor filme.
A estreia do filme levou a audiência a reconsiderar o impacto da imprensa, numa investigação que relembra o caso Watergate, revelado pelo Washington Post. A liberdade de expressão é um direito de todas as sociedades livres e como tal indigna-nos o facto de o governo e a instituição católica imporem tantas barreiras a assuntos que deveriam ser de conhecimento público. Nestes casos o trabalho dos jornalistas ganha um valor imperativo, pois sem a sua dedicação e persistência, milhares de vítimas continuariam no silêncio e a verdade nunca seria desvendada. O filme vale por isso, mas conta também com um elenco de luxo incluindo nomes como Mark Ruffalo, Michael Keaton e Rachel McAdams.
Portanto se está à procura de uma narrativa que desafia as regras e tem como objetivo máximo a procura da verdade, esta é uma boa sugestão.
Texto: Maria Calugaru | Sandra Martinho | Tânia Filipe