Tragam as famílias, o farnel e a boa disposição. Domingo é só mais um dia em que Leiria abre “A Porta” junto ao Rio Lis. “A Porta” é o nome do festival que promete variedade, com artes plásticas, escrita, passeios, feiras, workshops e oficinas.
Trata-se de um festival cheio de diversidade e esta é a sua marca. A ideia surgiu de um grupo de jovens leirienses, de diversas áreas profissionais, que manifestaram a vontade de fazer um festival dedicado às artes plásticas, à música, ao cinema e, acima de tudo, à partilha de experiências.
O Festival “A Porta” vive agora a sua segunda edição, resultado de uma parceria entre a Preguiça Magazine e os Meia Dúzia e Meia de Gatos Pingados, coletivo de artistas leirienses.
De acordo com a organização, um dos objetivos do festival é despertar o interesse para as artes criando diversas dinâmicas que possam alertar as pessoas, e sobretudo os leirienses, para o valor que a cidade possui, em identidade patrimonial e também em talento. A principal intenção é a de revitalizar espaços que são esquecidos ou que não têm a afluência merecida. Paula Lagoa, 34 anos, jornalista colaboradora da Preguiça Magazine e membro da organização do evento, refere que o centro histórico “apesar de ter algumas lojas e algum comércio a tentar dar-lhe vida, é ainda muito pouco para aquilo que ele deveria ter”.
A força que conseguiu abrir “A Porta” à cidade
A primeira edição causou impacto na população leiriense, conseguindo despertar a curiosidade e o interesse para uma segunda. Este ano foi possível observar melhorias referentes à logística e organização bem como aos artistas convidados, através de uma aposta num maior número de bandas e de maior projeção, explica a organização.
Para Paula Lagoa é difícil escolher os destaques da programação, uma vez que o festival pretende “proporcionar diversos momentos para todas as idades e todos os gostos”.
Os primeiros dois dias de festival, dia 1 e 2 de junho, foram marcados pela organização de cinco jantares temáticos, em casas particulares. O convívio e a partilha estiveram presentes, mas os ingredientes principais foram a variedade gastronómica e concertos num formato intimista.
Na noite de sexta-feira iniciaram-se os concertos ao ar livre com Twin Transistors e Cave Story que se prolongaram na noite de sábado com Pista, Equations e Keep Razors Sharp, no Jardim Luís de Camões.
Durante o fim de semana as lojas e edifícios da Rua Direita abrem as portas à arte e à população. Os visitantes podem desfrutar de uma feira independente com concertos, exposições, intervenções artísticas, performances, oficinas para crianças, workshops e até de curtas-metragens, com o apoio do Leiria Film Fest.
A “Casa Plástica” recebe dezenas de artistas que divulgam obras de pintura, escultura, instalação, design, dando vida e cor a este edifício devoluto. Os concertos invadem as lojas proporcionando momentos musicais com a ajuda de nomes como Ana Deus, Miss Cat e o Rapaz Cão, O Manipulador, Surma, Whales, entre muitos outros.
No exterior apresentam-se artistas como Mariana, a miserável com ilustração, Tiago Batista com pintura e Ricardo Graça com fotografia, dando vida a fachadas da Rua Direita e telas cedidas pela Câmara Municipal.
Na Praça Rodrigues Lobo o destaque foi para o balão de ar quente preparado para proporcionar uma experiência diferente de ver a cidade.
Hoje “A Porta” promete ainda música para bebés, passeios de bicicleta pela cidade e de caiaque no rio Lis.
“Porta para a China”
A Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Instituto Politécnico de Leiria participa no festival através da intervenção dos alunos e professores do Curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português juntamente com alunos do curso de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Pequim e alunos de SICHUAN (Estudos Chineses, Portuguesas e Ingleses). Alexandre Soares, responsável pelo Gabinete de Relações Públicas da ESECS, explica que o objetivo é mostrar às pessoas um pouco daquilo que é a cultura chinesa, pondo em prática as aprendizagens dos alunos dos cursos.
As diversas atividades da cultura chinesa incluem o ritual do chá, prova de pratos tradicionais chineses, exibição de um documentário sobre a China, demonstração de Tai Chi e Kung Fu pela escola Shaolin Tao, momentos musicais e pequenos workshops, abrindo a porta para uma verdadeira “Chinatown”.
“A Porta” no futuro
O evento é quase todo gratuito – com exceção da viagem no balão ar quente – revelando-se um desafio para a organização. No entanto, Paula Lagoa afirma que as expetativas são de crescimento, assegurando que a intenção é tornar o evento anual.
Texto: Diana Almeida | Dumitrita Angheluta
Fotos: Diana Almeida | Dumitrita Angheluta