Kathryn Carpenter: ‘Leiria é uma cidade adorável’

Nascida e criada no Alasca, Kathryn Carpenter chegou a Leiria em outubro de 2017, no âmbito da bolsa Fulbright English Teaching Assistants (Assistência na Aprendizagem de Inglês). Licenciada em Espanhol e Mestre em Linguística, a professora de 25 anos auxilia em atividades letivas no curso de Comunicação e Media e leciona Inglês a estudantes seniores do Programa IPL60+.

Antes de Portugal, esteve envolvida num projeto com a Embaixada Americana e foi representante da bolsa que a trouxe até ao Politécnico de Leiria, função que lhe valeu a participação no seminário Fulbright EU-NATO, em Luxemburgo e na Bélgica. Confiou no processo aleatório de escolha de destino que o programa de mobilidade definiu e, apesar de não trazer muitas expectativas, a experiência na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais tem-se revelado bastante enriquecedora.

“Leiria é uma cidade adorável. O ritmo do quotidiano é mais lento e típico de uma localidade de pequena e média dimensão, algo que constitui uma novidade para mim. Estou a gostar bastante. Viver em Leiria significa um contacto permanente com a sua história e os lugares que a dominam. Na minha cidade não existe um castelo”, refere.

A professora de Inglês encontra semelhanças e diferenças entre os sistemas de ensino português e norte-americano. Se a mítica imagem dos grandes anfiteatros parece já fazer parte do passado em Portugal, ao contrário dos Estados Unidos, já a relação que liga os estudantes ao campus universitário apresenta denominadores comuns dos dois lados do Atlântico.

“Uma das grandes similaridades que já notei é a forma como os estudantes estão envolvidos no campus, na sua organização, em trabalhos de voluntariado e iniciativas extracurriculares na comunidade. Acredito que esse aspeto se nota nas universidades norte-americanas, bem como em Portugal”, afirma.

Outro dos elementos que marca o contexto educacional nos dois países é o enquadramento do estudante nos objetivos do sistema. Nos Estados Unidos, sublinha Kathryn, a prioridade está direcionada para “as capacidades e os desejos do indivíduo e em como alcançar os seus objetivos”. O contexto coletivo da turma é importante, mas sempre secundado por uma preocupação individual.

É já um lugar-comum referir que o sistema de ensino português está desatualizado e não acompanha as dinâmicas e os desafios que as sociedades digitais vão impondo, mas a professora de 25 anos não corrobora esta perspetiva e acredita que, na Península Ibérica ou no resto do mundo, há diferentes fatores que contribuem para tornar certas escolas mais avançadas do que outras, nomeadamente questões relacionadas com o financiamento e o contexto urbano ou rural onde estão inseridas: “Esse discurso circula um pouco pelos sistemas de ensino dos vários países. Do que vi, não diria necessariamente que as escolas e salas de aula em Portugal estão desatualizadas”.

Sobre a violência em diversos estabelecimentos de ensino norte-americanos, Kathryn afirma que o mais comovente é observar como essas tragédias influenciam e mobilizam as gerações mais novas, que são obrigadas a “defender os seus direitos, a protestar e a exigirem maior atenção do governo tendo em vista uma legislação mais apertada sobre o acesso às armas”.

Longe de soluções proféticas para um problema que se revela altamente complexo, os espaços educativos parecem constituir um elemento chave para a mudança de políticas públicas no combate à violência: “Um dos problemas reside na falta de recursos financeiros e humanos ao serviço das escolas, designadamente a figura do conselheiro. Só com mais recursos é possível combater este flagelo e tornar as escolas mais seguras”.

 

Texto: Ana Pinto | Adriana Gaspar | Marisa Vitoriano | Rui Santos