Há 21 anos que a marinhense Irina Oliveira é fascinada pela sétima arte. Movida pela vontade de criar os seus próprios filmes, ingressou no curso de Som e Imagem na Escola Superior de Artes e Design, do Politécnico de Leiria, nas Caldas da Rainha, de modo a desenvolver competências e aprender ferramentas para explorar o mundo do cinema.
Na conclusão da licenciatura, aceitou o desafio da unidade curricular de Projeto Final para criar um filme a que chamou “Semear, Ouvir, Fluir”. A obra retrata temas como a morte e a beleza na sua relação coma natureza, uma obra de arte ou um musical. O objetivo foi transmitir uma experiência sensorial de envolvimento do espectador com as imagens e os sons. “Queria que, no final, refletissem sobre a situação caótica que vivemos, não só pelo contexto pandémico, mas também pela atualidade, porque temos tudo tão rápido”, explica.
O mês de fevereiro de 2021 trouxe-lhe o reconhecimento do seu trabalho: foi distinguida nos Prémios Sophia na categoria de “Melhor Curta-Metragem Experimental”, alcançando o 1º lugar de entre seis registos a concurso. “Fiquei surpreendida com o prémio, não estava à espera porque não fui eu que me candidatei, foi a própria escola e só descobri quando publicaram no site“, refere Irina.
No que toca ao panorama artístico, Irina assume-se como uma adepta e promotora do que é nacional: “Adoro o cinema português, sou muito patriota e, nesse sentido, acho que devíamos consumir arte portuguesa, seja cinema, música, artes clássicas, ou até mesmo a dança”. Critica a maneira como é distribuído o conteúdo, uma vez que considera haver uma sobrevalorização dos produtos estrangeiros face aos nacionais. “As pessoas estão habituadas a uma arte muito específica, o cinema de Hollywood, acabando por não valorizar o cinema mais artístico e autoral, feito pelos artistas portugueses”, esclarece. Além disso, aponta a falta de financiamento como um grande contributo para a falta de espectadores nas salas: “Acho que se faz bom cinema em Portugal, mas exige muito dinheiro e isso reflete-se no tipo de espectadores e na distribuição”. Assim, para Irina, os ingredientes essenciais para fazer cinema em Portugal são a persistência e a paixão. “É preciso gostar muito desta área para ingressar nela, uma vez que a percentagem de sucesso é um pouco baixa”, explica.
Embora não esteja a exercer na área, Irina traça alguns planos para o futuro: ingressar num mestrado, realizar um estágio profissional, fazer voluntariado e viajar.
Texto: Alexandra Ovelheiro | Cláudia Pereira | Rita Silva