Tecnologia desligada, mente descansada


A atividade que mais tempo consome nas primeiras etapas da vida é muitas vezes preterida por grande parte dos adultos, que, embora reconheçam a necessidade de respeitar as horas e hábitos de higiene do sono, não a consideram uma prioridade. Os estudantes são um dos grupos de risco. Existem mais de 90 perturbações do sono, mas as doenças do sono são ainda uma realidade desconhecida para muitos.

Assinalou-se a 19 de março o Dia Mundial do Sono. Os últimos meses têm dificultado as rotinas familiares, contribuindo ainda para o aparecimento de sentimentos de frustração e preocupação que, em muitos casos, perturbam quem luta por manter hábitos de sono saudáveis.

Dormir é essencial à sobrevivência do ser humano. No entanto, “há muitas pessoas que não dormem aquilo que precisam por desconhecimento ou porque não dão prioridade ao sono”, afirma Teresa Rebelo Pinto, psicóloga do sono e responsável pelo projeto Sono Escolas, iniciado em 2009, cujo objetivo central é informar e cultivar hábitos de higiene do sono nos alunos.

Por outro lado, a sensibilização para a necessidade de dormir tem vindo a crescer, comparativamente com anos anteriores, e por isso “as pessoas estão hoje mais alerta para as perturbações do sono e para as terapêuticas que existem”, salienta a especialista. Ainda assim, a maioria das pessoas pede ajuda muito tarde ou apenas quando surgem os primeiros sintomas, e não de forma preventiva.

O período de tempo em que a consciência fica suspensa varia de acordo com a idade e com as necessidades de cada um. Se, por um lado, uma criança de dez anos deverá dormir dez horas, por outro, os adultos necessitam entre sete a nove horas de sono, mas nunca menos de seis, pois representa risco para a saúde e segurança de cada um.

Para além de respeitar as horas de sono, é fundamental perceber qual o cronotipo de sono individual, ou seja, em que períodos habitualmente se registam os “picos” de energia, de cansaço e de concentração, e, com base nisso, adequar o horário de dormir, pois as necessidades variam entre pessoas.

O estudo do sono é complexo e muita tem sido a investigação em redor do tema. Este período fundamental à vida humana obedece a dois processos principais: o sistema circadiano regulado por relógios biológicos em ciclos de 24 horas e a homeostasia do sono, ou seja, o equilíbrio entre o tempo desperto e a pressão para dormir. Quanto mais tempo o ser humano está acordado, maior a necessidade de dormir.

A escuridão facilita o processo de produção de melatonina, que por sua vez é responsável por preparar o corpo para dormir. Esta hormona fotossensível é libertada pelo cérebro cerca de duas horas antes de o sono surgir e atinge o pico por volta das quatro da manhã, período que coincide com a mínima temperatura corporal.

A melatonina é naturalmente produzida pelo cérebro e, apesar da sua venda livre, a suplementação desta hormona deve acontecer apenas se houver défice da sua produção ou no caso de se registar uma perturbação do sono.