Um livro para todos, tudo num só livro

Uma vez mais o IPLeiria, em conjunto com o CRID, deu um novo passo na inclusão social no dia da apresentação de “Piu Caganita”, o primeiro livro impresso em Portugal totalmente multiformato. O evento decorreu no passado dia 17 junho, na ESECS com a presença de Ana Valentim, vereadora da Ação Social da Câmara Municipal de Leiria, João Paulo Marques, vice-presidente do IPLeiria, Rui Matos, diretor da ESECS, Célia de Sousa, coordenadora do CRID – Centro de Recursos para a Inclusão Digital, e Tânia Bailão Lopes, autora dos textos e das ilustrações.

 

Tânia Bailão Lopes investiu 3 anos a dar vida e cor à personagem principal, um passarinho com “muitas histórias para contar”. O objetivo fundamental para a artista era o de criar um livro acessível a todos, com especial cuidado para as crianças cegas, uma vez que a mesma afirma comunicar essencialmente “através da imagem”.  Por isso, o livro inclui texto aumentado, pictogramas, braille, imagens em relevo e um acesso online para audiolivro com narração em língua gestual portuguesa.

Este projeto foi possível graças aos esforços conjuntos de diversas entidades que “se juntaram e acreditaram”, conforme refere Tânia Bailão Lopes. Célia de Sousa reforça que “é o resultado do sonho de uma equipa, construído passo por passo no CRID. O “Piu” foi ganhando forma por entre os dedos de voluntários que testaram o braille e texturas, aproximando-se de uma edição final.

Uma das grandes preocupações consistiu em garantir a acessibilidade do livro também em termos monetários, combatendo uma lacuna existente no mercado com muito poucas opções adaptadas e de custos elevados. Como afirma Célia de Sousa, “o preço é um mito” contudo, as editoras ainda não estão sensibilizadas para esta realidade, o que obrigou Tânia Bailão Lopes a criar a Briza Editora, que se destina à publicação de livros multiformato.

A originalidade e criatividade de “Piu Caganita” estendeu-se à apresentação com a exposição de pinturas das várias personagens em formato tridimensional, cuja autora recomendou que fossem exploradas para além da visão, através do tato.

A primeira edição é composta por 500 livros, no entanto, Tânia Bailão Lopes adianta que o “Piu” não ficará por aqui, uma vez que são necessários livros com estas características. A autora critica a realidade atual, ao destacar que “este é o início de algo que devia ter começado há muito tempo” pois “estes livros já deviam existir, não deviam ser notícia”.

O livro destina-se a todas as crianças, sem exceção, porque todos podem ler o mesmo livro de forma diferente e é da convicção da coordenadora do CRID que “só assim se faz verdadeira inclusão”.

 

Texto: Marta Oliveira | Sandrina Pereira