Arrival é a obra capaz de quebrar o estereótipo de que um filme de ficção científica se cinge a uma invasão alienígena que pretende destruir o nosso planeta. Arrival junta-se, assim, ao pequeno lote de filmes eficientes a desviarem-se da mais comum linha de argumentos dos filmes de ficção científica. Apenas duas obras de ficção científica foram capazes de marcar esta diferença: Interstellar e Gravity.
Realizada por Denis Villeneuve, a película foi nomeada para oito Óscares, tendo arrecadado o galardão de melhor edição de som.
Logo nos primeiros minutos de filme, apercebemo-nos de que, ao contrário de outros filmes do
mesmo género, este usa a “invasão” alienígena para abordar temas mais nobres e humanos. O tema central da longa-metragem é o desafio que Louise e Dr. Ian (interpretado por Jeremy Renner) têm ao tentarem desvendar qual o objetivo da chegada dos heptapods. Os visitantes comunicavam através de um vidro que os dividia dos humanos e onde escreviam símbolos circulares.
A mensagem central do filme é a comunicação, e o vidro que separa os visitantes dos humanos parece ser uma forma de crítica à sociedade de hoje, que vive através de ecrãs. A obra faz-nos, sem dúvida, refletir sobre a necessidade e importância da comunicação cara a cara. É dessa forma que as pessoas se entendem melhor, qualquer que seja a sua nacionalidade ou, neste caso, planeta de origem. Mostra-nos também a necessidade e importância de um bom relacionamento e união entre raças e estados políticos.
Arrival não é apenas sobre a chegada de aliens à Terra, trata-se da “chegada” de um inteligente filme, capaz de estimular o intelecto do espectador e pô-lo a pensar para além do que vê no ecrã.
Sem desvalorizar o trabalho de outros atores como Jeremy Renner e Forest Whitaker, Louise, interpretada por Amy Adams, ofusca as personagens que a
rodeiam com a sua sensibilidade e delicadeza. Uma interpretação notável por parte da atriz.
Desta forma, e depois de Incendies, Prisoners e Sicario, Denis Villeneuve continua a provar porque é um dos mais excitantes e talentosos realizadores atualmente a trabalhar em Hollywood.
Texto: Márcio Lima