A mais recente obra de Steven Spielberg, The Post, conta com dois ícones do cinema norte americano, Tom Hanks e Meryl Streep. Com este trio maravilha não são de estranhar as 19 nomeações, incluindo para Óscar de melhor atriz e filme, e ainda o globo de ouro para melhor ator e direção.
No contexto dos desafios que a profissão atravessa atualmente, The Post vem relembrar ao público a importância do jornalismo de investigação e a luta pela liberdade de imprensa ao longo da História. O filme decorre durante a Guerra do Vietname, mais precisamente em 1971, com um retrato verídico do escândalo do Pentagon Papers, em que o povo descobre que o governo dos Estados Unidos da América mente sobre a possibilidade de ganhar uma guerra há muito perdida.
Katharine Graham, a personagem interpretada por Meryl Streep, retrata a primeira diretora feminina de um jornal de referência americano, uma profissão que antigamente era dominada pelo género masculino. No decorrer do filme, a personagem depara-se com a desigualdade de género ao ser inferiorizada devido à sua condição de mulher.
Tom Hanks, no papel de Ben Bradlee, é o editor executivo do The Washington Post, jornal que levanta a bandeira da luta pela liberdade de imprensa. A personagem evolui num cenário de grande pressão, evidenciando as rigorosas rotinas jornalísticas que uma redação sofre. O ambiente sério e agitado, representado com tons sombrios, é particularmente evidente numa das cenas mais marcantes, quando os jornalistas têm acesso a documentos sobre o Pentágono.
Num momento em que o atual presidente norteamericano, Donald Trump, declara guerra aos órgãos de informação, The Post vem mostrar que a história não raras vezes acaba por se repetir e que o jornalismo de investigação tem um papel importante quando ambiciona proteger os cidadãos da manipulação direta do poder político. Como Bem Bradlee defende, “a melhor forma de proteger o direito de publicar, é publicar”.
Texto: Barbara Costa, Cláudio França. Francisca Violante, André Lucas