“Vias Alternativas”, fórum sobre o estado das artes em Leiria, inaugurou a sua 2ª edição a 9 de março no Auditório 1 da ESECS. A sessão foi aberta por António Sampaio da Nóvoa, embaixador de Portugal junto da UNESCO, e Sandra Coelho, integrante da Cooperativa CAL (coletiva de artistas e criadores de Montemor-o-Novo), que deram o seu testemunho e perspetivas ligadas à criação artística fora dos grandes centros.
“As ‘Vias Alternativas’ nasceram de conversas informais entre amigos que partilham preocupações comuns. Acabou por surgir a ideia de juntar um grupo de pessoas diversificado para discutir estes assuntos e possíveis soluções para os problemas”, explicou Luís Mourão, dramaturgo com 40 anos de carreira e um dos organizadores, sublinhando ainda a importância destes raros espaços de discussão.
“Um dos obstáculos para os criadores é a falta de uma organização entre eles. Em Leiria existem muitos artistas, pintores, músicos que não se conhecem. A ideia foi juntá-los num espaço para se conhecerem, falarem, trocarem experiências, para se unirem e lutarem mais eficazmente pelos seus direitos, criando pressão para as suas vozes serem ouvidas”, declarou Andrzej Kowalski, professor do Politécnico de Leiria e, paralelamente, encenador de teatro e realizador de documentários.
As ideias debatidas no primeiro encontro, em outubro do ano passado, foram transpostas para um manifesto enviado às instituições competentes e à Assembleia da República. Considerando o ato como uma afirmação perante as entidades, o facto de não ter obtido resposta já era esperado pela organização. Por sua vez, esta edição encerrou com alguns projetos para o futuro: a criação de uma plataforma digital onde os criadores possam expor as suas obras e portefólios e a organização de uma mostra no próximo ano.
Dos dois encontros realizados, destaca-se a exploração de três ideias: o espaço comum, o encontro das pessoas para partilha de testemunhos e a criação de uma rede de divulgação pessoal online. “Cada encontro é uma continuação das conclusões do anterior”, por isso “é natural que vá acontecer um terceiro”, revela Andrzej Kowalski.
Texto: André Ferreira | Daniel Martins | Maria Gomes | Tatiana Pimentel