A cidade de Leiria tem sido, desde maio do ano passado, palco de um conjunto de iniciativas para celebrar os 50 anos do 25 de Abril. O programa, que se estende até junho deste ano, quer honrar a memória dos que viveram o período de ditadura e envolver as gerações nascidas após a Revolução dos Cravos.
Acácio Sousa, coordenador da comissão executiva da comemoração dos 50 anos do 25 de Abril em Leiria, adianta que as “Conversas de Abril”, uma das iniciativas que integram o programa, tem por base o reforço dos valores democráticos, partindo de “conversas de reflexão e debate”, que pretendem promover a participação política e social.
Os eixos orientadores deste conjunto de eventos são a memória, a democracia, a participação política e sociedade, que se fazem sentir num ambiente de festa e celebração em Leiria. A atividade integra o concelho no seu todo e de uma forma multifacetada, contando com a ajuda de diversas parcerias que por ele se estendem.
Cada conversa é como uma viagem que leva a audiência a “ver os tempos que eram e aos quais não queremos regressar”. Acácio Sousa vê ali refletidas as histórias de uma transição que vivenciou, entre a ditadura e a atual democracia. Foram também estas histórias que o motivaram a participar neste ciclo de conversas como uma “atitude cívica” de quem vive com a responsabilidade de contar. “Não podemos estar só a falar no passado, mas o passado é uma referência a trazer para o presente”, explica Acácio Sousa. É, no entanto, na reflexão do antigamente que estas conversas são promovidas em forma de debate, como um agente na construção do pensamento crítico.
Amanhã, pelas 18 horas, o foyer do Teatro José Lúcio da Silva recebe mais uma das conversas do ciclo, intitulada “A luta anticolonial, luta pela Liberdade (Cá e lá)”, com moderação de Rui Tavares e a presença de Aurora Almada e Santos, Adolfo Pinho e José Pinho. A sessão propõe-se a lembrar o movimento anticolonial verificado tanto nos territórios africanos como em Portugal.
A iniciativa tem tido, na perspetiva de Acácio Sousa, “uma afluência muito razoável”, contando com “algumas salas cheias”. O coordenador disse que a chave do seu sucesso é a inexistência de tabus, abrindo um espaço para discussão e argumentação, com base no valor da preservação da liberdade de expressão.
Texto: Bárbara Oliveira | Bianca Serrano | Juliana Gomes | Luther Gonçalves | Marco Pavão
Foto: chay tessari | Unsplash