Bruno Saavedra, fotógrafo e artista visual luso-brasileiro, expõe o projeto “ANA” em Leiria, até ao dia 24 de novembro, no m|i|mo – Museu da Imagem em Movimento. A mostra consiste no retrato fotográfico dos últimos dias de vida de Ana e a sua relação com o filho.
“ANA” esteve para não ser uma exposição, mas acabou por se tornar pública em 2018, no Centro Cultural de Cascais. O projeto teve início quando o filho de Ana pediu a Bruno Saavedra que fizesse um registo da mãe, que já contava com alguma idade, para poder ficar com as recordações fotográficas.
A preocupação e o respeito foram ingredientes essenciais para um trabalho fotográfico deste tipo. O fotógrafo passou cinco dias na casa de Ana e no quinto a senhora faleceu. Enquanto fotografava Ana, Bruno Saavedra tentou ser muito invisível, característica que, “enquanto autor, no ato fotográfico”, gosta que transpareça nas suas imagens.
O fotógrafo declara que o que diferencia esta exposição de outras é a temática, já que “dificilmente” fará outro projeto semelhante. Diferente de anteriores exposições, o fotógrafo quis recriar no m|i|mo a sala da casa da idosa, com o objetivo de podermos “olhar para as pessoas que estão à nossa volta, pois um dia poderemos ser a Ana, noutro o filho da Ana”.
Bruno Saavedra considera esta exposição um dos seus principais projetos, pois trouxe-lhe a “visibilidade em Portugal que antes não tinha”. Contudo, a importância da exposição não se esgotou no aumento da visibilidade. Enquanto pessoa, Bruno sente que “foi um virar de página” e que “existe um fotógrafo antes deste projeto e depois”. “Comecei a ver as coisas de uma forma mais autoral e também a ter a minha fotografia como um propósito, não só imagens bonitas”, explica. O artista reforça que, após “Ana”, a mensagem passou a ocupar uma posição central e a ser uma preocupação na execução dos seus trabalhos.
Quanto ao processo de curadoria das fotografias, houve uma primeira seleção feita pela fotógrafa Pauliana Valente Pimentel, que foi da opinião de que seria este o projeto a abrir portas a Bruno Saavedra em terras lusas. No entanto, por respeito a Ana e ao seu filho, o artista não utilizou esta seleção. A exposição que se encontra patente no m|i|mo resulta da curadoria do fotógrafo Valter Vinagre, que rejeitou todos os projetos de Bruno Saavedra até este lhe mostrar “Ana”.
Bruno Saavedra acredita que a exposição “foi ganhando uma nova vida” e já tem ideias para a próxima vez que tornar a ser exibida.
Texto: Beatriz Gomes | Maria Vrinceanu | Sofia Félix | Sofia Sousa