Workshop explora o poder do som na criação de livros digitais

Sala escura. Ao fundo, uma tela tem projetadas as palavras "Sons que contam histórias", mote do workshop para produção de livros digitais com voz e sons.

Luís Emanuel Silva, professor do Politécnico de Leiria dinamizou, no passado dia 21 de maio, o workshop “Sons que Contam Histórias”. O evento decorreu na Black Box, plataforma de criação artística em Leiria, e abordou temas como a integração do som em livros digitais, ferramentas para sua produção e impacto emocional e social destes objetos.

A sessão uniu teoria, demonstrações práticas e reflexão sobre o papel do som na construção de narrativas. Foram mostradas ferramentas como as plataformas Reaper, Audacity e Suno, bem como abordados os formatos digitais MP3, EPUB, MOBI e AZA, que contribuem para a diversidade de formas de construir e editar áudios. Num dos momentos mais dinâmicos do evento, o docente do curso de Música Digital convidou três participantes do público a lerem excertos de um livro. Os ficheiros que resultaram da gravação áudio dessas leituras foram editados ao vivo no software Reaper. Em seguida, o som foi integrado no próprio texto, ficando disponível áudio e texto na mesma página, numa demonstração prática de como criar um livro digital sonoro.

“Quisemos associar som e história, som e livros. O objetivo foi mostrar como o áudio pode enriquecer a experiência da leitura, tanto para crianças como para adultos”, explicou Luís Emanuel Silva. Para o docente, a ligação entre áudio e literatura tem “um potencial enorme”, sobretudo em contextos como bibliotecas, escolas e instituições que trabalham com públicos diversos, como a população sénior ou com limitações de visão.

A iniciativa permitiu refletir sobre o papel da inteligência artificial na produção sonora e em como é possível produzir um áudio com IA em pouco tempo. “É assustador e incrível ao mesmo tempo ver uma IA a criar música em segundos, mas acredito que isso vai valorizar ainda mais o lado humano e emocional da música”, afirmou.

Natan Malta, estudante do CTeSP em Música Digital, esteve encarregue do apoio à sessão e partilha algumas preocupações com a utilização das ferramentas de inteligência artificial na área: “Por termos demasiadas opções, é hoje muito mais difícil encontrar uma identidade artística”.

Do lado do público, Cátia Guarda, mediadora de leitura, cujo trabalho abarca públicos infantis e seniores, valorizou o impacto prático do workshop. “Um livro sem entoação ou som perde força. É uma ferramenta essencial, especialmente para públicos com necessidades especiais”, defendeu, referindo-se ao uso do som e da música como recurso para animar a leitura e facilitar a compreensão.

O evento destacou-se como uma experiência interdisciplinar que aproximou tecnologia, arte e educação, mostrando como o som pode dar nova vida às histórias e novas vozes aos leitores.

Texto: Brigithe de Sousa | Duarte Caseiro | Maitê Agnello | Roberto Ferreira
Vídeo: Centro de Recursos Multimédia (CRM) – ESECS