Conferência alerta para desafios do desporto na educação das crianças

Decorreu no dia 24 de novembro, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria, a presentação do livro Quando o desporto não educa, do psicólogo Ricardo Cardoso.  O autor explica que o livro surgiu de uma ideia que teve há 15 anos, mas que só agora decidiu tirar da gaveta. “É uma compilação do desenvolvimento da minha tese de licenciatura em psicologia social, sobre o estudo das competências sociais e pessoais em jovens competidores, federados e não federados, juntamente com um conjunto de crónicas que tenho escrito sobre psicologia desportiva”.

O psicólogo revela que a grande diferença deste livro “é assumir que o deporto não educa”. Ricardo Cardoso afirma que o politicamente correto é dizer que “o desporto educa, passa valores às crianças, transforma os pais e motiva as famílias, porém o estudo presente no livro demonstra também o oposto e há que assumir isso para podermos mudar”. O autor alerta, por exemplo, para situações de grande violência em contexto desportivo que necessitam de ser evitadas e revistas por parte de formadores e educadores. O título resulta assim da observação de uma realidade que é necessário inverter. “Os valores provenientes da educação dos atletas deviam ser aprofundados nas atitudes praticadas no desporto”, sublinha Ricardo Cardoso, que chama a atenção para a necessidade de ter “atletas e jovens perfeitos, em termos da moral, da sociabilidade, do respeito, da ética e do fairplay”.

A apresentação do livro contou com a participação de Gonçalo Lopes, vereador da CM Leiria, João Nazário, diretor do Jornal de Leiria, Rui Matos, diretor da ESECS, Rui Veiga, técnico de reabilitação e Nuno Santos, professor da ESECS. Durante a conferência, a partilha de experiências dos oradores conexa ao desporto foi a base do debate que serviu de mote para discutir questões como competição, ética e moral, mediatismo e protagonismo, decisões políticas, desporto como ferramenta educativa e de formação de indivíduos.

Texto: Bruno costa, Carlos Paixão e Miguel Santos