Barcos, trotinetes e muitas missangas invadiram a biblioteca da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS), entre 11 de fevereiro e 27 de abril. Pelas mãos de Luís Cruz, artesão natural de Sardoal e residente em Leiria, já foram colocadas “mais de 8 milhões e quinhentas mil missangas em diversos trabalhos”.
Desde os seus 11 anos que Luís Cruz se dedica à arte da construção de carroçarias em madeira. “Eu via, diariamente, os meus pais a fazer trabalhos artísticos, nomeadamente com madeira e comecei a sentir uma grande vontade de criar estas peças, tal como eles. Mais ou menos um ano após concluir a quarta classe comecei a seguir as suas pisadas”, revela o artesão.
Hoje, com 74 anos, conta com um vasto número de peças de diferentes materiais e modelos, dos quais cerca de 30 compõem a atual exposição. Além dos trabalhos manuais, o público tem também acesso, nas estantes da biblioteca da ESECS, ao primeiro livro escrito e editado por Luís Cruz, “Caminhada Poética”. O artesão conta que recebeu a inspiração do poeta António Aleixo e de um tio para a criação de rimas e quadras que, há uns anos, agrupou no seu livro. Luís afirma que o capítulo da literatura não está fechado, pois tem esperança de poder lançar mais alguns livros.
Em 2018, o artesão recebeu, na celebração dos seus 60 anos de arte, a Medalha da Cidade de Leiria. “Apesar de estar a chegar ao fim da minha carreira, ainda tenho muito para dar! Assim, só me resta continuar a divulgar os meus trabalhos, antes que cheguem os meus últimos dias”, disse Luís Cruz.
Uma das suas grandes convicções é conseguir ter a capacidade de inspirar o outro, nomeadamente os jovens. Luís considera que hoje em dia, com as novas tecnologias, é possível mostrar a arte que cada um tem para oferecer. Deixa como exemplo de persistência e dedicação a peça que tem exposta no Museu do Vaticano, um feito inesquecível que o deixa emocionado.
O artesão, que espera “inspirar os mais jovens a seguir esta arte”, dará também uma aula aberta, no dia 10 de maio, com o tema “Das coisas nascem coisas”.
Texto: Diogo Pereira | Sara Júnior | Sara Nunes
Fotografias: Diogo Pereira | Sara Júnior