Black Mirror: Do reflexo à realidade

Black Mirror é uma série televisiva de ficção científica que aborda o lado negro das tecnologias, contendo uma forte crítica à sociedade e relatando uma realidade tecnológica de forma crítica, pejorativa e exagerada.

Criada por Charlie Brooker, em 2011, Black Mirror foi transmitida pela primeira vez na emissora Channel 4, no Reino Unido, e comprada em 2015 pela plataforma Netflix. Contém cinco temporadas constituídas por três a seis episódios independentes que não seguem uma narrativa, utilizando a vida real como instrumento de construção de toda a obra.

Segundo o produtor, o nome Black Mirror­­ (“Espelho Negro”, traduzido para português), foi o nome escolhido para evidenciar que qualquer um, ao olhar para uma tela ou espelho, vai encontrar o seu reflexo, servindo como crítica à sociedade contemporânea, que vive do fruto com o lado mais negro da semente tecnológica.

Estamos a um toque de distância de tudo o que é suposto facilitar a vida quotidiana, sejam as compras, os relacionamentos ou as leituras online. No entanto, à medida que fazemos uso de novos dispositivos e aplicações, tornamo-nos cada vez mais dependentes deste bem-estar ilusório e, consequentemente, desligamo-nos do mundo real, preparado para servir as necessidades físicas e psicológicas, que demorou anos a contruir. “Pequenos” aparatos técnicos que aos olhos do mundo contemporâneo são pormenores, mas capazes de causar aparatosas consequências físicas e psicológicas para o ser humano.

Os temas desenvolvidos ao longo de toda série vão do apego, da inteligência artificial, da opressão, do racismo, até à dependência, à futilidade e ao capitalismo. Black Mirror confronta os seus espectadores com o propósito de os levar, involuntariamente, a identificar-se com as atitudes representadas e a ver o seu reflexo nos mundos criados por Brooker.

Texto: André Silva | Carolina Frade | Francisco Constantino | Miriam Tormenta