Afonso Bonito: “A arte de odiar”

“Hoje cedo, ia eu em viagem, quando me apercebi que gostaria de escrever um livro. Um livro que fosse lido. (…) Eu não tenho nada de interessante para dizer e muito menos conteúdo suficiente para encher um livro, por muito pequeno que este seja.” E é assim que o autor, Afonso Bonito, nos introduz a A arte de odiar.

Foi aos 25 anos que Afonso, licenciado em Desporto e Lazer, surpreendeu aqueles que o rodeiam, ao decidir publicar um livro. Reside em Ponte de Sor, no Alentejo, pratica vários desportos, faz parte da orquestra de Ponte de Sor e ainda tem tempo para participar em muitos outros projetos. Sempre se considerou uma pessoa normal.

A arte de odiar não conta uma história de fantasia que decorre num reino longínquo, um romance cheio de clichês ou a vida de alguém. Não. O livro está preenchido com trinta e seis capítulos de sabedoria através do humor. Com o seu olhar satírico, o autor reflete sobre os estereótipos com os quais lidamos todos os dias. Embora as suas histórias provoquem o riso a quem as lê, também deixa os leitores a refletir.

“Um livro miraculoso com a solução para diversos problemas do dia a dia de cada um. Basta comprar e ler que fica tudo resolvido. Resultados garantidos pelos senhores do tarot, horóscopo e merd…ciências semelhantes”, garante o autor, em tom irónico, classificando-o como uma mistura de autoajuda, poesia e humor.  

Humoristicamente, A arte de odiar fala sobre temas ou situações onde possivelmente já estivemos envolvidos, como por exemplo: “Quando querem ir ao ginásio mas têm vergonha do vosso corpo”; “Quando és homem, tens mais de 20 anos e a tua barba continua a parecer o rabo de uma galinha depenada”; “Quando és homem e medes menos de um metro e sessenta” ou “‘Quando gostas de touradas”. Embora a base seja sempre o humor e a satirização das temáticas, as palavras do autor acabam, de certa maneira, por ajudar o leitor que enfrenta estas situações a sentir-se mais seguro de si mesmo. Carregado de palavrões e expressões bem portuguesas, este é um livro interessante para matar o tempo e soltar umas boas gargalhadas, confirmando que por vezes o humor é a melhor ferramenta para refletir sobre os assuntos da vida.

Texto: Joana Ângelo | Luna Silva | Maria Bucho | Sónia de Matos