Em parceria com várias empresas da região, o Politécnico de Leiria começou, no início da pandemia, um projeto de fabricação de ventiladores, mas rapidamente percebeu a importância de produzir também viseiras de proteção individual. O objetivo, como refere Bruno Horta, estudante e responsável pelo Movimento Maker, passou por encontrar uma solução que “colmatasse a necessidade e que conseguisse proteger o maior número de pessoas”.
Com a possibilidade de usar as impressoras 3D disponíveis no Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentável do Produto (CDRSP), a instituição começou a “fazer algumas versões de sistemas de viseiras que já existiam na Internet”, conforme explica Artur Mateus, responsável pelo projeto e coordenador do CDRSP, unidade de investigação do Politécnico situada na Marinha Grande. Os materiais utilizados para as viseiras foram essencialmente o PET (um tipo de plástico) e o polipropileno, para os suportes da cabeça, que, segundo o coordenador, “devem servir de proteção direta a líquidos e sólidos”.
Bruno Horta explica que foi necessário “imprimir alguns modelos e testá-los”, no início do processo de produção, para garantir que não magoavam os utilizadores, assim como ajustar o projeto para a fabricação na indústria de moldes. O fundador do Movimento Maker refere que as “indústrias forneceram os seus serviços de forma gratuita com a participação de 2 a 4 mil pessoas, permitindo um aumento de produção para cerca de 100 viseiras por hora”.
Para Artur Mateus, as empresas que estão a enfrentar problemas económicos podem aproveitar agora esta oportunidade de mercado: “Se nós comprarmos em Portugal este género de materiais, estamos a ajudar cada casa e cada lugar”. Bruno Horta concorda com o coordenador do CDRSP, acrescentando que isso contribuiria, em simultâneo, “para a resolução dos problemas de escassez de equipamento e manutenção da economia portuguesa”.
O responsável pela iniciativa considera que o projeto concorreu para o fator “de união, porque as pessoas ficam motivadas por uma causa maior”, contribuindo ao doar elásticos e acetatos para a fabricação das viseiras. Muitas pessoas “nem dormiam durante a noite para estarem a imprimir”, revela.
A mobilização das indústrias e das pessoas permitiu a produção de viseiras distribuídas “não só aos hospitais, mas também a minimercados, talhos e todas as pessoas que não podem estar em casa e têm de assegurar os serviços mínimos”, informou Bruno Horta.
Texto: Laura Melícias | Neuza Santos | Sofia Morgado