O primeiro prémio em cinema chegou para Carolina Vieira exatamente no ano em que terminou a sua licenciatura em Som e Imagem. A antiga estudante da Escola Superior de Artes e Design (ESAD.CR), do Politécnico de Leiria, trocou Silves, de onde é natural, pelas Caldas da Rainha, uma cidade onde diz haver muito interesse e dinamismo cultural.
Soube desde cedo que queria “estar ligada ao mundo artístico”, muito embora reconheça que o Algarve é uma região com pouco apelo à cultura. “A minha turma da escola secundária tinha dez alunos e a escola tinha medo de a turma não abrir por sermos poucos. Inclusivamente, a minha família não valoriza as artes”, explica.
A curta-metragem “Contrafogo”, desenvolvida na unidade curricular de Projeto Final, foi a obra que garantiu o prémio conquistado na secção “Novíssimos”, este ano, na 17ª edição do festival IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema, que teve lugar no cinema São Jorge. Nesta categoria do festival estiveram presentes várias curtas-metragens académicas e primeiras curtas com duração até 10 minutos.
A obra foi realizada ao longo do período de quarentena, em Silves, junto da família e apenas com o recurso a uma câmara e um tripé. Com pouco equipamento, Carolina questionava: “Como é que posso tirar proveito do que tenho e fazer algo de que me orgulhe?”. A dualidade do fogo, por um lado a destruição, por outro a luz e a verdade, foi o mote que Carolina utilizou para retratar a família. “O filme tem apenas cinco planos, é muito primitivo, e, tal como o fogo das civilizações antigas o era, também o conceito de família é algo muito ancestral, é o nosso núcleo, molda-nos, apesar de, pelas nossas visões diferentes, também nos ‘queimar’”.
Miguel Valverde, professor da ESAD.CR e um dos diretores do festival, foi uma das pessoas que a motivou a participar no festival. Com o apoio da agência Portugal Film, a cineasta aguarda exposição internacional da sua primeira curta-metragem, uma das regalias de ter sido vencedora do IndieLisboa.
Em 2021, Carolina planeia frequentar um mestrado em cinema, em França, pois acredita ser um país capaz de dar o apoio necessário para quem sonha com uma carreira profissional no mundo cinematográfico. “Preciso de crescer, quero conhecer outras formas de ver o mundo artístico, outras culturas e outra língua”, refere.
Texto: Catarina Nogueira | Mariana Bento | Mariana Gabriel