Arte urbana: paredes que falam

“Pastorinha Contemporânea” – Ricardo Romero (2018)

Quem anda por Leiria nota que a cidade é repleta de belezas naturais, assim como de uma arquitetura encantadora. Além do castelo, cartão-postal da região, do Jardim da Almuinha Grande, do Rio Lis e da Praça Rodrigues Lobo, as paredes também contribuem para o embelezamento e promoção da cultura na cidade. Há diversas obras da chamada arte urbana espalhadas pelas ruas. O contraste entre as construções e estas pinturas a céu aberto são, no mínimo, cativantes.

A Riscas Vadias é uma das organizadoras de projetos de street art (arte de rua). Trata-se de uma associação nacional, com sede em Leiria, criada em 2017, sem fins lucrativos e independente, que estimula e elabora projetos artísticos e sociais. O seu objetivo é incentivar, através de práticas artísticas, a sensibilização e a consciencialização da comunidade em relação ao ser humano e ao animal.

Um dos projetos mais conhecidos da organização na cidade é o “Leiria, paredes com história: Arte Pública”. A ideia foi criada pelo diretor artístico Ricardo Romero, que pretendia fazer chegar a arte de rua à região. A proposta, apoiada pela Câmara Municipal de Leiria, trouxe artistas de vários lugares do mundo para realizar intervenções nas paredes de edifícios da cidade. Assim, entre 2017 e 2020 foram realizadas quatro edições que resultaram em onze obras espalhadas por Leiria.

Em cada edição, Ricardo Romero convidou artistas internacionais para trabalharem e viverem em Leiria, durante as semanas que duravam as intervenções. Nenhuma temática era proposta, portanto era “a arte pela arte”, como afirma Carla Tavares, presidente da associação Riscas Vadias. O procedimento era simples: era apresentada ao artista convidado a parede que lhe calhava intervencionar e, se ele estivesse de acordo, o projeto avançava para a próxima etapa. Normalmente, os artistas ficavam alguns dias em Leiria, fotografavam pessoas e depois reproduziam-na nas paredes.