Crescer com a dança, escola de vida

Foto | Lucilina Sobreiro

Pressão, o segundo nome da exigência
Além de todo o amor que tem pela dança, Francisco sentiu também, desde muito novo, uma grande pressão, não só por ser “o neto da Lucilina”, mas também pelo estigma da sociedade de que a dança não é modalidade para o sexo masculino. Foi no futebol que começou a perceber o preconceito relativo à dança, mas isso acabou por contribuir para lhe dar “uma confiança extra”, conseguindo transformar o “que podia ser uma fraqueza” num trunfo e tornando-o “ainda mais forte”. Lucilina também sentiu o preconceito nas dinâmicas das aulas, na medida em que sempre foi muito difícil ter rapazes para fazer par com as alunas. A diretora refere que muitas vezes o preconceito é proveniente das famílias.

Tanto neto como avó conseguem logo identificar a tipologia dos alunos que chegam à escola, por vários motivos. Há os que não querem estar ali, que normalmente são obrigados pelos pais, que os inscrevem porque, quando eram mais novos, “passaram ao lado de um sonho que não conseguiram concretizar, e querem ver os filhos a realizá-lo”. Por outro lado, há também os que querem experimentar, mas depois acabam por sair porque não gostam da modalidade. Ainda existem os que ficam, mais ou menos a partir 14 anos, porque têm mesmo paixão à dança . “Quando gostamos de alguma coisa, fazemos sempre esforços”, refere o professor. Depois, pelos 18 anos, muitos vão para a faculdade, mas nem esse obstáculo impede que continuem a apaixonar-se pela modalidade. Na sua perspetiva, Lucilina explica que os “jovens que se começam a desencaminhar na vida, ou não têm um ambiente familiar saudável, geralmente saem da dança porque não aguentam a pressão do carinho com a disciplina da escola”. É nos que ficam que a dança tem mais influência porque não é uma modalidade que tenha efeito imediato. “Quando são pequeninos e contamos que são pequenas coisas que os fazem crescer, no momento, ou não entendem, ou não querem saber, mas é mais tarde que chegam ao pé de nós e dizem que tínhamos razão”, refere a diretora da EDTV.