Sónia Gonçalves Pereira, investigadora no Centro de Inovação em Tecnologias e Cuidados de Saúde (ciTechCare) do Politécnico de Leiria, foi premiada com um financiamento de 300 mil euros para dar início ao projeto CeliAct (TIV) – Translocação, Inflamação e Virulência: dissecando os mecanismos da interação glúten-microbiota na doença celíaca. O projeto ambiciona investigar a relação entre o aparecimento da doença celíaca e a ação dos micro-organismos que habitam o corpo humano.
Descobriu a vocação para a Microbiologia quando se sentou numa cadeira do auditório do Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra, onde deu início ao seu percurso na licenciatura em Biologia. Para aprofundar os conhecimentos, Sónia Pereira seguiu ainda os estudos num mestrado em Geociências, seguido do doutoramento em Ciências Farmacêuticas e, por fim, um mestrado integrado em Medicina. A sua ligação com o Politécnico de Leiria começa em 2017, contando com uma progressão de carreira, em 2019, ao ganhar uma posição na área da investigação.
O projeto CeliAct(TIV) surge juntamente com outros e ganha motivação especial devido a uma condição pessoal: as duas filhas da investigadora nasceram celíacas. Como já se encontrava nesta área de investigação, considerou importante estudar uma condição de saúde que tem impactos diários na sua vida. A doença celíaca acontece em pessoas que têm intolerância ao glúten que se encontra em alguns cereais. Em Portugal, estima-se que haja entre 10 a 15 mil pessoas diagnosticadas, mas que o número total de celíacos seja muito maior, entre os 70 e os 100 mil casos. Como nos conta Sónia Pereira, “é uma doença recente historicamente, a definição oficial tem cerca de um século”.
No projeto CeliAct(TIV), a investigadora trabalha em conjunto com uma equipa de especialistas da Finlândia e de Harvard, contando, ainda com a colaboração de voluntários. O financiamento para este estudo proveio do prémio atribuído pela fundação norte-americana Beyond Celiac, que reconhece o mérito individual. O valor recebido parece ser suficiente para os três anos de pesquisa, sendo que o projeto se encontra agora no primeiro ano de desenvolvimento. Sónia Pereira aponta: “É suficiente para dar resposta ao que eu planeei. Não é suficiente para continuar a estudar questões que depois vão surgir…”
Apesar de o objetivo ser encontrar uma cura, Sónia Gonçalves admite que o trabalho pode nunca terminar: “A investigação nunca tem um fim, nunca termina, vamos sempre encontrando mais e mais perguntas para fazer”.
Texto: Alexandra Rodrigues | Inês Franco | Joana Rosa | Rafael Duque