Daniela Mata, ilustradora de 23 anos, iniciou a sua jornada no mundo da ilustração quando ingressou na licenciatura em Design Gráfico na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (ESAD.CR). Apesar da grande mudança, a natural de Almada sentiu que foi importante frequentar a instituição, visto que, no momento do estágio, recebeu elogios às suas competências. O facto de a maioria dos professores serem também trabalhadores na área de design gráfico leva a que chamem à atenção para determinados aspetos que são fundamentais no mundo do trabalho, refere.
Apesar da sua paixão pela música e pela escrita, o desenho sempre foi algo que gostou muito de fazer. Durante o percurso académico entrou em contacto com a ilustração em algumas unidades currriculares. Teve, por exemplo, a oportunidade de ser ensinada por Mantraste, um reconhecido ilustrador português. No segundo ano, percebeu que, apesar de querer trabalhar na área de design, precisava de conciliar com a ilustração, que de certa forma lhe permitia expressar-se “de forma mais livre e criativa”.
Atualmente, é autora de vários projetos, como “The Ghost of”, selecionado para exposição no concurso Mostra Nacional de Jovens Criadores em 2022. Em 2023 lançou o conto infantil “Quando te conheci”, em que assina o texto e a ilustração. No final do ano passado voltou a concorrer à Mostra Nacional de Jovens Criadores com um novo projeto (ver imagens abaixo) que acabou por vencer a competição. Considera que esta vitória foi o ponto alto da sua carreira, uma vez que é um concurso a nível nacional, e assumiu que não estava à espera. Ao receber o prémio monetário do evento, decidiu doá-lo, pois considera que o verdadeiro prémio é ter o seu trabalho exposto.
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No que se refere à arte e à cultura, considera que devia haver maior investimento na valorização das carreiras e preocupação em perceber o real impacto que estas áreas têm no quotidiano e como seria o mundo sem elas. O desenvolvimento da inteligência artificial fez-se sentir no mundo do design gráfico e Daniela sente que são cada vez mais uma “classe de trabalhadores muito explorada”. Para a ilustradora, deve haver uma “valorização de carreiras, da oferta de trabalho, principalmente na área do design gráfico”.
Atualmente trabalha como designer numa empresa, para garantir uma fonte de rendimento fixa, mas tenta sempre manter os seus projetos pessoais ao nível da ilustração, nomeadamente em livros infantis. Um dia, mais tarde, gostaria de lançar mais livros da sua autoria. Até lá, investe na candidatura a vários concursos. No seu tempo livre faz voluntariado, envolve-se em movimentos sociais e no ativismo relacionado com os direitos dos animais, temas que, muitas vezes, inspiram e integram os seus trabalhos.
Texto: Alexandra Rodrigues | Joana Rosa | Miguel Guerra | Rafael Duque