A Sociedade da Neve: Da tragédia à esperança

É uma imagem da série A Sociedade da Neve. Mostra seis pessoas deitadas na neve, em cima de mantas, à frente do destroço de um avião em cuja lateral se lê "Fuerza Aerea Uruguaya". Em pé, encostado à carcaça do avião está um homem e sentado em cima do avião, outro.

A Sociedade da Neve é um filme que retrata a história verídica de um acidente aéreo ocorrido nos Andes em 1972.  A obra cinematográfica estreou na Netflix a 4 de janeiro deste ano, mas foi exibida pela primeira vez no fim de 2023, no encerramento do 80.º Festival Internacional de Cinema de Veneza.

O filme teve Juan António Bayona como realizador e, dada a sua qualidade, foi escolhido para representar a Espanha na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro” nos Óscares deste ano. O realizador quis contar a história não só de forma a exemplificar o acidente, mas também a incluir o relato dos sobreviventes.

As primeiras cenas decorrem no voo 571 da Força Aérea Uruguaia, avião que levava uma equipa de rugby amadora desse país para uma competição no Chile, além de família e amigos. Estavam 45 pessoas a bordo, mas, após a sua queda inesperada, só resistiram aos ferimentos 29 passageiros.  Os sobreviventes tiveram de se unir para conseguirem sobreviver ao frio extremo, à falta de comida e recursos e, especialmente, à terrível incerteza de não saber se seriam ou não resgatados.

Com o passar dos dias, sem que a ajuda chegasse, a reserva de alimentos foi-se esgotando. Desesperados, perceberam que apenas lhes restava uma forma de continuarem vivos: alimentarem-se de carne humana. A decisão originou sérias discussões e uma colisão de opiniões, tornando-se ainda mais perturbante pelo facto de a maioria deles ter uma relação de grande proximidade com os que morreram.

Depois de vários obstáculos e mais algumas mortes, três dos jogadores de rugby prepararam-se para procurar ajuda pela última vez. Optam por subir a montanha e caminhar em direção ao Chile e, após uma jornada de dez dias, conseguem encontrar ajuda. Do desastre ao resgate, foram 72 dias e 16 sobreviventes.

A narrativa do filme alterna entre um sentimento de esperança e desespero, encarnados por atores como Enzo Vogrincic, Simon Hempe e Rafael Federman. A obra é, sem dúvida, dramática e envolvente, provocando um misto de emoções face aos acontecimentos inesperados da história. 

A longa-metragem proporciona uma reflexão sobre o conflito de valores morais e a influência que os outros têm nas nossas decisões. Deixa também uma lição importante acerca da empatia em relação às vítimas que são retratadas no filme, uma vez que sofreram bastante preconceito pelas decisões que tomaram antes do resgate.

Texto: Inês Amendoeira | Lúcia Santos | Maria Madeira | Margarida Matias