Inclusão sem mitos

A Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) do Politécnico de Leiria, recebeu, dia 24 de outubro, o seminário “Deficiência Visual: Mitos, Tabus, (IN)verdades”, que desconstruiu assuntos relacionados com as pessoas com deficiência visual. Organizado pela ESECS em parceria com a TOPLab e a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), o evento contou com o apoio das licenciaturas em Serviço Social e Educação Social e do Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) em Intervenção Social e Comunitária.

Estiveram presentes como oradoras Liliana Vicente, presidente da delegação da ACAPO em Leiria, Mariana Baierle, doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no Brasil, que partilharam as suas experiências enquanto pessoas cegas. Juntaram-se também Rita Pereira, coordenadora dos Serviços de Reabilitação e Ação Social da ACAPO, e Lodenir Karnopp, professor e investigadora da UFRGS.

Liliana Vicente abordou os desafios que enfrenta no dia a dia, falando de temas como a maternidade e a superação de obstáculos sociais. Mariana Baierle, que viveu com baixa visão até perder gradualmente a capacidade visual, partilhou memórias de uma infância sem adaptações escolares, que a obrigou a reaprender tudo em casa com o apoio da família. Rita Pereira sublinhou a importância de respeitar como cada grupo prefere ser designado, usando o lema “nada sobre nós sem nós”. “Deficiência não define uma pessoa, é só uma característica”, sublinha.

Carla Freire, membro da organização, acredita que iniciativas deste tipo são essenciais nas universidades e que deveriam “estar em todos os ciclos de estudo, começando até pela primária”. Segundo a docente da ESECS, abordar o tema desde cedo seria fundamental para “desmistificar muita coisa e ter mais respeito pela diferença”. Sobre a adesão ao evento, que contou com cerca de 230 pessoas, acrescentou: “Foi muito rico, nunca pensei que teríamos o auditório praticamente cheio”.

O seminário incluiu uma demonstração prática de mobilidade para cegos, mostrando ao público como se deve auxiliar alguém com deficiência visual de forma respeitosa e eficaz. Foram ainda feitos exercícios, com os participantes de olhos vendados, que consistiam na identificação de objetos e na realização de percursos, que ajudaram a sensibilizar para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual.

Estudantes presentes, como Bernardo Mendes, do 2.º ano da licenciatura de Comunicação e Media, e Constança Mateus, do 1.º ano da licenciatura de Serviço Social, destacaram a relevância do seminário. Segundo Bernardo, “este tipo de palestras é muito importante para promover uma sociedade mais compreensiva”, enquanto Constança mencionou que a “experiência foi fundamental para entender como ajudar pessoas com deficiência visual de forma mais empática e eficaz”.

Texto: Inês Amendoeira | Lúcia Santos | Margarida Matias | Maria Madeira
Foto: MART PRODUCTION | Pexels