Um olhar positivo sobre a morte

A Escola Superior de Saúde de Leiria acolheu dia 27 de novembro a palestra “Questões do Fim da Vida”, proferida por Isabel Galriça Neto, diretora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital da Luz.

Com uma abordagem pessoal, Isabel Neto partilhou a sua experiência como profissional de saúde e paciente, vivendo com um diagnóstico de cancro na mama. Destacou a importância de encarar a doença de forma positiva e construtiva, sublinhando como os Cuidados Paliativos ajudam a preservar a dignidade e a fortalecer a esperança em momentos difíceis.

Pioneira na Rede Nacional de Cuidados Paliativos, abordou a relação entre a ciência e a fé, afirmando que “a ciência não é incompatível com a fé”. Segundo a médica especialista em clínica geral, a espiritualidade pode complementar a prática clínica e oferecer serenidade e confiança a pacientes e profissionais.

“A compaixão torna-se real quando reconhecemos a nossa humanidade partilhada”, afirmou, defendendo uma visão humanizada para os cuidados no fim da vida. Desfez o mito de que os Cuidados Paliativos se resumem ao acompanhamento da morte e enfatizou que cerca de 50% dos pacientes saem destas unidades com vida, o que reforça seu papel como promotor de esperança e qualidade de vida.

Também partilhou uma visão serena sobre a doença: “Eu não estou a lutar contra o cancro. Ninguém deve viver em luta, mas em conformidade. Vivo em paz sabendo que Deus me levará na hora certa. Enquanto estiver aqui, sou um ser vivo e ativo.”

A palestra impactou quem assistiu pela franqueza do testemunho da oradora. “Falar acerca da morte e dos últimos anos de vida, onde o sofrimento está muito presente, é ainda um tema tabu. A doutora Isabel Galriça Neto abordou este tema de forma simples e iluminada, cruzando ciência e fé e testemunho na primeira pessoa, de quem é igualmente paciente. Foi uma conferência muito em jeito de testemunho cheio de esperança”, partilha o padre Rui Ruivo, da Paróquia de Leiria-Fátima. Para André Taborda, estudante do 1.º ano de Gestão na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, “aquilo que mais surpreendeu foi a sua personalidade e a maneira como está a lidar com a doença que tem”.

Texto e fotos: Ana Santos | Filipa Ribeiro | Lara Santos | Margarida Costa