
A Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico de Leiria acolheu, no passado dia 20 de maio, uma conferência dedicada aos Direitos Humanos e à Saúde Reprodutiva, organizada por docentes da Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSLei), com o apoio do projeto “Educação para os Direitos Humanos”.
O evento teve como público-alvo estudantes e académicos das áreas da saúde e do direito, e profissionais de saúde interessados pelos temas. O objetivo da conferência foi incentivar o pensamento crítico e a discussão interdisciplinar sobre temas éticos e legais na área da saúde, cada vez mais atuais. Carolina Henriques, docente da comissão organizadora, explicou a importância de ter especialistas com pontos de vista variados: “O que nós procurámos foi trazer peritos de cada uma das temáticas, porque nós olhamos para as mesmas coisas de uma forma diferente e temos que as discutir”.
De manhã, foi abordada a questão da interrupção voluntária da gravidez e da procriação medicamente assistida, sendo destacados os desafios enfrentados pelos profissionais e utentes no acesso a cuidados de saúde éticos e juridicamente sustentados. No período da tarde, o debate focou-se nas temáticas da violência obstétrica e da perda e luto perinatal, com a partilha de testemunhos e das perspetivas de alguns especialistas que apelaram à humanização dos serviços de saúde e à valorização dos cuidados e rede de apoio às mulheres.
Uma das palestras abordou a temática da separação entre as crenças do profissional de saúde e as questões éticas, dinamizada por Tiago Andrade, enfermeiro na Unidade Local de Saúde da Região de Leiria. “Sempre que existem direitos dos utentes, existem deveres da parte do profissional de saúde e essa questão do dever do profissional de saúde é a motivação para agir. Quando isso colide com as nossas convicções pessoais, isso é suficientemente importante para nós alegarmos a objeção de consciência ou então fazê-lo apesar de não concordar”, esclarece o enfermeiro.
Promover o conhecimento sobre os direitos humanos e reprodutivos é uma das motivações principais da comissão organizadora da conferência. Carolina Henriques reforça a importância do debate dos direitos humanos associados à saúde reprodutiva da mulher, dado que “as mulheres são as responsáveis pela genética das populações, o que significa que, ao longo da sua vida, são elas as principais cuidadoras”.
Para o Politécnico de Leiria, acolher esta conferência representou também uma oportunidade de reforçar a sua missão formativa e social.
Texto e foto: Beatriz Silva | Juliana Lavaredas | Madalena Oliveira | Maria Sequeira