Museu de Leiria joga xadrez em ponto grande

O Museu de Leiria tem em exposição permanente, desde maio de 2017, a instalação Sublime Fantasia, realizada por Virgínia Goes. O conjunto de tabuleiro de xadrez (240 x 240cm) e os quadros expostos no local foram oferta da arquiteta à secção de cultura da Câmara Municipal de Leiria.

A autora leiriense sempre considerou que tudo na sua vida “está relacionado com o desenho”, e, por isso, desde cedo enveredou pelo caminho artístico, dedicando-se à decoração de interiores, arquitetura, desenho e escultura. “Cada vez gostava mais de ter liberdade, de fazer aquilo que queria. E tinha a sorte de as coisas virem todas ter comigo”, explica Virgínia Goes.

“O xadrez surgiu com um amigo do meu marido, o professor Marques Henriques, colecionador de tabuleiros de xadrez, que pediu para eu fazer uma pintura sobre o jogo”, revela a pintora. Apesar de não conhecer muito sobre este universo, iniciou a sua pesquisa, ficando “logo encantada pelo tema”. Assim, decidiu dar asas à criatividade e criar o tabuleiro de xadrez, hoje exposto no Museu de Leiria e composto “por todas as pessoas importantes do xadrez, como o Philidor e o pintor simbolista Hieronymus Bosch”.

Para a autora da exposição, o simbolismo é algo bastante interessante, devido à variedade de significados que um determinado elemento pode ter. Em Sublime Fantasia a cor branca representa a inocência e ingenuidade, enquanto o preto remete para a maldade. Além destes símbolos, Virgínia Goes reflete as obras de Bosch ao inserir um mocho como rei branco e assume o lugar de rainha branca através de um autorretrato. Para acentuar a ideia de inocência, todos os peões brancos são crianças.

O tabuleiro demorou dois anos a ser construído, entre Lisboa e os Estados Unidos da América. A maior parte dos materiais usados foram a madeira, cerâmica e ferro. A pintora afirma, contudo, que começou “a ver o que conseguia comprar já feito para depois modificar”. O processo criativo da obra levou a que Virgínia Goes enquadrasse diversos estilos. “Também tentei inserir a desproporção, algo que me cativa bastante”, explica a arquiteta.

Descrita como a mostra de um “mundo onírico” que “enfatiza a carga simbólica” de cada peça, num “jogo através de manipulações dos mais diversos objetos”.

Texto e foto: Laura Melícias | Neuza Santos | Sofia Morgado