“Hacksaw Ridge”: Mel Gibson de volta?

22 anos depois de “Breaveheart” ter ganho cinco óscares, entre os quais o de melhor filme e melhor realizador, “Hacksaw Ridge” apresentou-se como a mais recente obra de Gibson capaz de arrebatar estatuetas. Das seis nomeações, a longa-metragem venceu os óscares de melhor mistura de som e de melhor montagem. Há dez anos que Mel Gibson não ia para trás da câmara.

“Hacksaw Ridge” é, à semelhança das obras anteriores, um filme baseado numa história verídica. Passado na II Guerra Mundial e capaz de retratar com frieza e naturalidade a verdade da batalha de Okinawa – uma batalha sangrenta, onde foram vários os corpos mutilados, despedaçados e até comidos por roedores – o filme ganha, a seu favor, alguns pontos positivos.

Personagem principal do filme e de grande destaque na própria guerra, Desmond Doss (interpretado por Andrew Garfield) era um jovem modesto de origem norte-americana. Extremamente religioso, depois de se alistar nos quadros do exército dos EUA, tornou-se um objetor de consciência – pessoa que segue princípios morais ou éticos incompatíveis com os do Exército.

Incapaz de usar ou sequer tocar numa arma, Doss foi alvo de insultos, agressões e injustiças por parte dos seus companheiros e superiores. Sem nunca fugir aos seus princípios, resistiu a todas as adversidades. Chamado para a Guerra como socorrista e sem nunca usar uma arma, Doss foi capaz de tratar e salvar mais de 75 pessoas, incluindo alguns japoneses. Desta forma, tornou-se no único objetor de consciência condecorado nos Estados Unidos.

“Hacksaw Ridge” é um filme de violência e anti-violência capaz de marcar qualquer pessoa pelo seu
realismo. A boa interpretação de Andrew Garfield (nomeado para Óscar de melhor ator) fez com que
este filme fosse alvo de boas críticas.

Apesar de não ter ganho o prémio máximo, este foi um bom regresso de Mel Gibson à cadeira de realizador.

Texto: Márcio Lima