Inesa Markava, de 35 anos, natural de Minsk, na Bielorrússia, reside em Portugal desde 2005, ano em que fez parte de um projeto de intercâmbio, no curso de Pedagogia Sócio-Cultural. Acabou por ficar em Leiria, pois foi nesta cidade que pôde retomar o seu trabalho de bailarina, uma das suas paixões. Começou por se inscrever na Escola de Dança Clara Leão e, assim, voltou aos palcos.
Mais tarde, foi convidada por Paulo Lameiro a ingressar na Escola de Artes SAMP, sediada nos Pousos. Passado um ano, integrou o programa “Concertos para Bebés”, do qual ainda hoje faz parte. “Este projeto é muito especial para mim porque leva a música clássica aos bebés e, para além disso, faz com que viajemos muito pela Europa e pelo mundo”, explica a bailarina.
A par do envolvimento nestes projetos, Inesa nunca deixou de apostar na sua formação académica. Além da licenciatura em Estudos Artísticos, pela Universidade de Coimbra, acrescentou ainda um mestrado e um doutoramento.
,Desde há quatro anos que todos os meses, a bailarina e investigadora dá expressão às exposições da livraria Arquivo, cruzando “trabalhos de arte contemporânea” com “dança clássica”, em performances para todas as idades.
Foi, contudo, em setembro deste ano que a imagem de Inesa passou a ser presença constante no quotidiano dos leirienses. Com a realização do “Arte Pública”, evento de intervenção artística urbana, realizado pela terceira vez em Leiria, entre setembro e outubro de 2019, surgiu o convite. Ricardo Romero, coordenador do evento, apresentou a Inesa o desafio de trabalhar com um dos artistas, Guido Van Helten, que lhe propôs uma sessão fotográfica, focando-se na relação entre os seus “movimentos e o envolvimento com a cidade”. Apesar de não se conhecerem, perceberam logo que tinham algo em comum. “Quando conheci o Guido, perguntou-me de onde é que eu era e, ao responder que vinha de Minsk, ele disse: ‘Eu pintei lá uma parede há 3 anos!’. O mais engraçado é que essa parede fica na fachada da residência de estudantes da universidade onde estudei”, recorda.
O resultado está presente, em grande dimensão, num dos prédios da Avenida Marquês de Pombal. Até chegar à imagem final, o processo incluiu um passeio pela cidade. “Subimos até ao castelo, viemos pela Rua Direita, Terreiro, fomos até ao Museu de Leiria, explorámos a Fonte das 3 Bicas”, descreve a bailarina. Quando encontravam o cenário certo, era o momento da dança. “Ia dançando ao som da cidade porque não havia música. Enquanto eu fazia o meu percurso a dançar, ele ficava do lado oposto [a fotografar]”, explica.
Quanto ao país que a recebeu, Inesa sente-se em casa. “Não me sinto estranha, este calor humano que existe em Portugal cativa muito e apetece ficar cá.”
Texto: João Sousa | Luísa Jacinto | Maria Rei