Joker: Um riso quebrado

Joker foi o filme mais visto no fim de semana de lançamento. O realizador Todd Phillips foi um dos responsáveis por tornar humana a personagem da banda desenhada da DC Comics.

Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é um palhaço triste sem talento, que aparenta ser um homem normal, com ambições de tornar-se comediante. Tenta ganhar a sua vida com alguns trabalhos e a fazer os outros rir, em Gotham City, uma cidade ocupada pelo crime e pela insegurança nas ruas. Sofre de uma doença mental rara, tendo ataques de riso quando se sente nervoso ou constrangido. Aos olhos da sociedade ele é um homem invisível, fraco e humilhado, ainda a viver com a mãe, que o chama de “Happy”, nome relacionado com a sua doença. Devido a esta patologia, Arthur entrega às pessoas cartões com informação que explica os momentos inconvenientes que surgem na interação.

Joker é um filme que consegue causar desconforto e sensibilizar o espetador para as doenças mentais e para a forma como a loucura é julgada pela sociedade. Incomoda quem vê pela verdade que transmite e pela dureza de algumas cenas. Arthur é o exemplo de homem arrastado ao delírio pelos julgamentos da sociedade, sendo, ao mesmo tempo, uma vítima na história. Passa, desde sempre, por humilhações e traições que vai descobrindo da pior forma. Graças a isso, surge o louco e vilão Joker.

Bullying, violência, diferença, medo, raiva e frustração é o que a personagem sente em relação à sociedade de Gotham City, que não respeita os outros e não se preocupa com quem realmente precisa.

Se conseguir chegar ao legado de Heath Ledger era uma tarefa quase impossível, Phoenix mostrou-se digno do papel e capaz de “prender” o espetador a este vilão icónico. O ator, que perdeu vinte e três quilos para este papel, tem uma atuação impressionante. A transparência com que encara a personagem faz com que sintamos a sua dor e os motivos da sua loucura, sem julgamentos.

Além de Joaquin Phoenix, o filme apresenta atores de renome, como Robert De Niro, já premiado com dois óscares, de melhor ator e de melhor ator secundário.

Nesta longa-metragem, podem encontrar-se referências a outros filmes, como o Psicopata Americano, O Rei da comédia (onde também aparece Robert De Niro), e à banda desenhada A Piada Mortal.

É interessante como tudo neste filme é pensado e tocante, graças à realização de Todd Phillips e, sem dúvida, à representação de Joaquin Phoenix, que conquistou o público. O filme Joker quebrou recordes em bilheteira e venceu o prémio “Leão de Ouro” no Festival de Cinema de Veneza. Em Portugal é o maior sucesso de sempre da Warner Bros.

Texto: Liane Reis | Nicole Duarte | Tânia Ferreira