Nuno André Ferreira: O mundo aos olhos de uma máquina fotográfica

Natural de Leiria, mas atualmente a residir em Viseu, Nuno André Ferreira, fotojornalista de 41 anos, conquistou um prémio na categoria de fotojornalismo, na edição de 2021 do concurso World Press Photo.

Com um percurso académico que começou em Leiria e se estendeu até à licenciatura no Instituto Superior Miguel Torga, em Coimbra, o fotojornalismo pareceu-lhe uma escolha natural: “Sempre gostei de fotografia, não me via a escrever nem a falar para um microfone de rádio, nem mesmo à frente de uma câmara de televisão”. Foi na UC de Fotojornalismo que vincou a sua certeza. Três semanas após terminar o curso, começou a colaborar com outros fotógrafos de Leiria, trabalhando, depois, no gabinete de imprensa da Câmara Municipal da cidade. Volvido um ano, aceitou uma proposta do Grupo Cofina.

Com uma carreira de 16 anos em fotojornalismo, recebeu em 2010 o prémio da associação cultural Estação Imagem, na categoria ambiente, com imagens de incêndio. Em 2013 e 2018 foi igualmente distinguido pela mesma associação. Em 2014 foi agraciado pelas Agências do Mediterrâneo e em 2019 recebeu o prémio Internacional de Jornalismo do Rei de Espanha. Embora refira que “todos os prémios têm a sua importância”, o fotojornalista garante, porém, que o primeiro prémio, em 2010, foi “o mais importante”.

A fotografia que agora lhe garante o prémio do World Press Photo, captada em setembro de 2020, mostra um bebé dentro de um carro, iluminado, à distância, por um incêndio de grandes proporções na zona de Oliveira de Frades. Depois de se ter candidatado em outras tantas edições, garante, agora, sentir-se realizado. Nuno André Ferreira admite, no entanto, que era algo esperado, uma vez que “o concurso tem vários processos em que é percetível perceber quem está ou não perto da final”.

Nuno enfrenta todos os ambientes como um desafio, sempre com profissionalismo: “Não tenho cenários que goste mais ou menos, encaro cada cenário como um trabalho e tento ser o mais profissional possível”. Quanto aos trabalhos de eleição, é nos projetos de fotodocumentário que sente mais liberdade e realização pessoal. O fotojornalista leiriense tem como referência os colegas de trabalho e assegura que Portugal tem excelentes fotógrafos. Apesar do reconhecimento do seu trabalho e das distinções, garante que não são o foco da sua vida. Para o futuro ambiciona, apenas, continuar a desenvolver trabalhos de excelência.

Texto: Ângela Pereira | Margarida Teodósio | Mariana Sebastião
Foto: gentilmente cedida pelo entrevistado.