Mobilizados para a integração

O papel das instituições e dos estudantes
O Município de Leiria lançou uma campanha de solidariedade intitulada “SOS Ucrânia”, em parceria com a comunidade ucraniana que já reside na região. A iniciativa tem como objetivo recolher produtos no Estádio Dr. Magalhães Pessoa, juntas de freguesia e quartéis de bombeiros, para apoio aos refugiados, tendo maior procura os produtos de higiene, medicamentos e roupa térmica.

O Politécnico de Leiria disponibilizou-se, também, para ajudar na recolha de bens, promovendo uma angariação de produtos, já entregues diretamente na Ucrânia. Atualmente, a recolha continua, mas os bens agora angariados destinam-se aos refugiados ucranianos que estão em Leiria. Neste processo, as associações de estudantes do Politécnico têm trabalhado em rede, nomeadamente as da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS) e da Escola Superior de Saúde (ESSLei).

É este trabalho em cooperação interescolas que tem permitido dar resposta com sucesso às solicitações de entidades externas. “Penso que temos conseguido corresponder às expetativas, e aqui falo um pouco de uma forma transversal de todas as associações”, refere Joel Rodrigues, presidente da associação de estudantes da ESTG.

Para além de haver um conjunto de dinâmicas com algumas instituições instaladas em Leiria e que trabalham com os mais desfavorecidos, houve um grande apoio na questão dos refugiados. Um dos exemplos foi a iniciativa da associação de estudantes da ESSLei que, no Dia Mundial da Saúde, recolheu produtos de higiene para doar à Cáritas Diocesana de Leiria, uma instituição particular de solidariedade social que desenvolve a sua ação na diocese de Leiria-Fátima.

Outra das iniciativas surgiu do contacto entre o clube União Desportiva de Leiria e Joel Rodrigues. O desafio foi aceite: juntar um grupo de estudantes voluntários para recolher bens de primeira necessidade nos jogos que viriam a acontecer no estádio. Mesmo que um adepto não tivesse bilhete, conseguia assistir ao jogo desde que levasse um produto essencial, uma estratégia criativa que fez com que, tanto a solidariedade, quanto o desporto, saíssem vencedores.

Perante a situação de guerra, o Politécnico mostrou sempre o seu apoio aos alunos afetados pelo conflito. A primeira ação do presidente da instituição foi assegurar a atenção ao desenrolar dos acontecimentos e a garantir a ajuda a todos os estudantes ucranianos e seus familiares. Por sua vez, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, órgão nacional que o Politécnico de Leiria integra, tem estado a trabalhar com o governo e já se mostrou disponível para acolher estudantes ucranianos refugiados.

Para Joel Rodrigues, a ação das escolas, politécnicos e universidades tem de se alinhar com as preocupações solidárias. “As instituições de ensino devem, a partir de agora, apoiar estas iniciativas, sejam da câmara ou de outras entidades, mas que apoiem a recolha de bens para dar aos refugiados em Leiria ou para enviar para a Ucrânia”, explica o estudante.

Do envolvimento de várias entidades e da sociedade civil, as doações não são tantas como se pensa, visto que existiu uma grande adesão à primeira recolha de bens e as pessoas tendem a sentir que já cumpriram o seu dever. No entanto, o apelo não cessa porque as necessidades também não acabaram. Débora Nogueira, membro do pelouro solidário da associação de estudantes da ESECS, assume a confiança de que venham a acontecer mais contributos. “Nós estamos na esperança de que haja mais contribuição”, refere.

Texto e foto: Anita Martins | Amanda Della Dea | Catarina Severino | Edmar Correia