Ana Lua Caiano é uma artista de 25 anos, licenciada em Design de Comunicação e mestranda em Artes do Som e da Imagem na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (ESAD.CR). Apesar de ser um nome recente na área da música, tem-se destacado bastante pelo seu estilo e pelo modo como conjuga a música tradicional portuguesa com a música eletrónica.
Esteve nomeada para três Globos de Ouro em 2024, vencendo a categoria de Melhor Canção com o tema “Deixem O Morto Morrer”, o primeiro single do seu álbum de estreia Vou Ficar Neste Quadrado.
Desde sempre que tem uma ligação com a música, contando já com uma vasta formação clássica e artística. Foi durante a pandemia da Covid-19 que lançou a sua carreira a solo, impedida de se reunir com a banda de jazz da qual fazia parte na altura. Embora não seja fácil conciliar os estudos com projetos individuais, o primeiro concerto da artista marcado no formato de one-woman-show foi em 2022 no Festival Impulso, organizado por um professor da ESAD.CR.
Para a cantora, “a música é sempre muito importante e tem muitos propósitos diferentes”, inspirando-se no quotidiano para compor os seus temas. Algumas das influências que a motivam a abordar problemas atuais são Zeca Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco – artistas que ficaram muito associados ao 25 de Abril e à liberdade de expressão. “Acho que é importante falarmos também sobre a sociedade porque há muitas coisas que ainda não estão bem”, afirma.
Todo o processo criativo e a produção das suas canções são “uma parte muito importante” para a cantautora, admitindo que é algo que surge “de forma orgânica” e, por vezes, quando menos espera. A música constrói-se aos poucos, de um modo muito pessoal, enquanto é produzida, sendo que a letra geralmente exige mais reflexão e pode ser desenvolvida para um tema específico ou simplesmente porque a melodia remete para certa palavra, que se torna um “mote” para toda a canção. Os videoclipes, realizados pela irmã com uma equipa em crescimento desde o começo, oferecem “uma espécie de prolongamento” da canção, acrescentando visualmente novas perspetivas que suscitam diferentes interpretações.
A artista admite que todo o reconhecimento que tem recebido foi “super inesperado”, quase como o tema distinguido como Globo de Ouro de Melhor Canção 2024. “Deixem O Morto Morrer” foi o último que acrescentou ao álbum, embora tenha sido lançado como o seu primeiro single e talvez seja a canção que mais gostou de fazer. Recentemente, teve a oportunidade de participar no A Colors Show com este tema.
Depois deste disco tão especial, Ana Lua Caiano está a compor um segundo e tenciona começar a juntar-se mais “com a sonoridade de outros artistas” através de colaborações para criar algo diferente do que tem feito a solo. Espera continuar a poder tocar e fazer canções, que é o que mais gosta.
Texto: Ana Madeira | Beatriz Teodoro | Joana Fernandes | Lara Mota
Fotos: gentilmente cedidas pela entrevistada (créditos nas fotos)