Mobilizados para a integração

A sociedade civil em Portugal não ficou indiferente ao impacto que a guerra provocou na Ucrânia e nos seus habitantes. Cidadãos e instituições responderam ao desafio de ajudar milhares de ucranianos, crianças, jovens, adultos e pessoas idosas. O Akadémicos ouviu histórias de solidariedade na primeira pessoa, num momento em que os estudantes também abraçam a causa ucraniana.

Sem casa e sem apoio familiar. É assim que muitas famílias de refugiados ucranianos chegam a Portugal, onde a solidariedade dos portugueses tenta responder às necessidades de quem está numa situação penosa. Enquanto Portugal assiste ao desenrolar dos conflitos que se passam a cerca de 4 mil quilómetros de distância, há milhares de ucranianos que escolhem o nosso país para se refugiarem. Antes da invasão russa, viviam em Portugal 27200 cidadãos ucranianos. Hoje, os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras apontam para que sejam 52 mil.

Pedro Silva, residente na Lourinhã, conhece a realidade de perto. Os seus pais acolheram cinco crianças e jovens ucranianas: um par de gémeas de 19 anos, que vieram sozinhas, e outras duas irmãs, uma com 10 anos e a outra com 19, acompanhadas pela mãe de 41 anos. O processo de acolhimento começou a partir de uma publicação na rede social Facebook, com os pais de Pedro a manifestarem a disponibilidade para receberem refugiados ucranianos na sua casa de férias em São Bartolomeu. Dois dias depois, a Organização Portugueses pela Paz entrou em contacto com o casal e informou-os de que vinha um autocarro da Polónia para Portugal, com ucranianos a precisar de ajuda. Dispuseram-se logo a ajudar e assim foi feito o encaminhamento.

A viagem de autocarro durou três dias e foi bastante complicada. Primeiro, vieram as duas filhas com a mãe e, passadas três semanas, chegaram as gémeas pelo mesmo trajeto. “Ambas as viagens foram muito assustadoras e passadas em pânico”, relata Pedro. Neste autocarro que, antes de chegar à Lourinhã apenas parou na Bélgica para dormidas e testagem à Covid-19, encontrava-se um tradutor que traduzia todas as informações de forma a tranquilizar os refugiados. À chegada, a rapidez com que as pessoas saíram da Ucrânia era evidente. “Elas traziam apenas uma mala de viagem com os bens essenciais, a única roupa que tinham era a que estava no corpo”, menciona Pedro.

O primeiro dia destas mulheres ucranianas em Portugal foi emocionante, uma vez que ficaram muito agradecidas e estavam sempre a chorar de alívio. No segundo dia, foram buscar comida e roupa ao centro de refugiados na Lourinhã. Uma das maiores dificuldades sentidas foi a confeção da comida, visto que era muito diferente daquilo a que estavam habituadas.

Neste momento, estão todas a ser integradas com sucesso. A criança de 10 anos está a estudar na escola e as três adolescentes e a mãe pretendem começar a trabalhar. As diferenças linguísticas motivam-nas, porém, a fazer um curso de português.