Comércio local: Por calçadas históricas e espaços singulares

Apostar na personalização

Interior da Chapelaria Liz. Há chapéus de várias cores pendurados nas paredes e dispostos em prateleiras. Num suporte mais à esquerda, e em pequenos banquinhos, encontram-se botas e chinelos em vários tons de castanho.

Corre a tarde de um dia de outono e Ana Paula Moreira, atual proprietária da Chapelaria Liz, já vendeu dois chapéus para senhora, o que em tempos anteriores seria uma realidade diferente, uma vez que este tipo de comércio era sobretudo procurado por homens.

Tudo começou com a vinda de uma família natural de São João da Madeira, localidade conhecida pelo fabrico de chapéus, para a cidade de Leiria. As charretes e os burros eram os meios de transporte da época em que a chapelaria abriu as portas, em 1928, sendo este o ano da primeira fatura
encontrada.

Maria Assunción Moreira, mãe de Ana Paula, era prima dessa família aveirense e acabou por continuar o negócio, juntamente com o seu marido, Manuel Moreira, no final da década de 80.

O balcão de atendimento mantém-se original desde a abertura das portas, ainda que em 2012 o espaço tenha sofrido algumas modificações de forma a melhor conjugar na loja tradição e modernidade. O cheiro da pele de que é feito o calçado exposto caracteriza o pequeno, mas acolhedor, espaço, onde “quem vem pela primeira vez fica espantado com a quantidade de artigos que temos em poucos metros quadrados”, refere a empresária.

A chapelaria aposta atualmente na comunicação digital, na alta qualidade dos artigos e na sua personalização. “Acontece por vezes pedirmos ao fornecedor que altere determinado modelo de acordo com o que o cliente quer e é aí que nos destacamos”, conta.

Parece que a tendência atual é que os homens ficam calvos mais cedo e Ana Paula, de 49 anos, tem sentido uma procura particular dos chapéus pelas camadas mais jovens, sobretudo quando o tempo frio se começa a fazer sentir.