Investigação explora novos rumos

Cobertura de rádio para sistemas de comunicação de emergência de fogos florestais

Em sequência dos incêndios florestais em Pedrógão Grande em 2017, que devastaram a maior parte da paisagem florestal portuguesa e também, das grandes falhas de comunicação do SIRESP, foi elaborado um projeto de investigação que aborda os casos de propagação de ondas de rádio em áreas de incêndios.

O projeto RESCuE-TOOL (Radio coverage for emergency communication systems to operate under critical wildfire environments – TOOL), pretende estudar o fenómeno de combustão e perceber o impacto que tem nas ondas de rádio pois, os gases que são libertados durante um incêndio de grandes dimensões originam uma barreira eletromagnética que bloqueia as ondas de rádio.

O principal objetivo da iniciativa é “estudar o fenómeno e depois aplicar ao caso da emergência nacional para trazer o contributo que a comunidade científica pode dar na área dos fogos, sendo os principais beneficiários diretos a proteção civil, bombeiros e todos os operacionais no terreno“, diz Rafael Caldeirinha, professor e coordenador de Comunicações Móveis na Escola Superior de Tecnologias e Gestão do Politécnico de Leiria.

Em fevereiro de 2020, realizaram-se ensaios de experimentação no Laboratório de Estudos de Incêndios Florestais da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), na Universidade de Coimbra em conjunto com o grupo de investigação do professor Xavier Viegas. Os ensaios foram “interrompidos por causa da pandemia, mas vamos retomá-los numa escala maior”, conta Rafael Caldeirinha.

O projeto desenvolveu um instrumento que permite ver em mapas de cobertura a propagação de rádio em áreas rurais, sobretudo em zonas florestais densas, o que facilita a identificação de regiões de exclusão de rádio em tempo real, enquanto que a frente de incêndio se propaga.

O projeto conta com uma parceria entre o Instituto de Telecomunicações (IT), o Instituto Superior Técnico e o Politécnico de Leiria. Estão associados vários investigadores, tais como Rafael Caldeirinha, Nuno Leonor, Stefânia Faria e Mário Vala do Politécnico de Leiria e João Felício, Pedro Coimbra, Carlos Fernandes e Carlos Salema do Instituto Superior Técnico.

O projeto já obteve muitos resultados e pretende passar da pequena escala de laboratório para um ambiente exterior em grande escala. Tencionam ainda “no final do projeto criar uma aplicação que permita utilizar esta ferramenta para a decisão operacional sobre as comunicações”, relata Rafael Caldeirinha.

Texto: Alexandra Ovelheiro | Cláudia Pereira | Luís Ferreira | Rita Silva